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Visitando a Mina do Chico Rei, em Ouro Preto


Atualizado em fevereiro de 2020

Ouro Preto, antiga Vila Rica, foi a cidade mais importante do Ciclo do Ouro. Só para Portugal, foram enviadas 800 toneladas de ouro, oficialmente. Isso sem contar o que ficou para ornamentar as igrejas e o que caiu na ilegalidade. Ainda hoje, é possível visitar algumas minas de ouro na cidade. Uma delas é a Mina do Chico Rei, que fica a uns 100 metros da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.

Durante o período colonial, era conhecida com Mina da Encardideira. Como depois, supostamente, foi adquirida por Chico Rei, quando a mina foi redescoberta, foi rebatizada com esse nome.

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Como assim “redescoberta”? É que com o fim da extração do ouro, a mina foi desativada e abandonada. Nos anos 1950, a família de dona Mariazinha comprou uma casa, em cujo quintal estava a entrada da mina, mas ninguém sabia disso. Um dia, os seus filhos brincavam de bola quando o brinquedo caiu em um buraco. A família ficou surpresa ao perceber que parecia ser a entrada de uma galeria. Foram pesquisar e descobriram que se tratava da Mina da Encardideira. Hoje, o filho de dona Mariazinha, o Toninho da Mina, é quem administra o local. Além de ser aberta ao turismo, a mina também é objeto de estudo de estudantes de alguns cursos de graduação e de pós-graduação e inclusive está sendo mapeada por graduandos em geologia. Foi com esse relato que começou a minha visita guiada à mina.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

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A visita guiada à mina Chico Rei

Fui recepcionada pelo próprio Toninho que me encaminhou para a guia Regina, uma simpática professora aposentada que ama apresentar e explicar a mina para os turistas. Depois de me contar a história acima, colocamos os capacetes e fomos para a mina. Ainda eram umas nove da manhã e tive a guia (e a mina) exclusiva para mim!

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

A mina é imensa: são mais de 80 quilômetros quadrados de extensão. Suas galerias estão debaixo da Praça Tiradentes, da feirinha da Igreja São Francisco de Assis e da Casa dos Contos (veja no mapa os pontos marcados e tenha uma pequena noção de sua dimensão – a mina é a estrelinha). Em vários trechos, tem mais de um andar.

Porém, apenas 300 metros são iluminados e abertos a visitação, o suficiente para entender a dinâmica do trabalho na mina.

No interior das galerias é frio e úmido. Água escorre pelas paredes em muitos pontos. Os escravos ficavam ali dentro o dia inteiro, escavando, carregando peso, escalando as galerias superiores (algumas com uma inclinação incrível), respirando a fumaça do óleo que queimava nas lamparinas, sentando-se no chão molhado para se alimentar, tendo que andar abaixados em inúmeros trechos. É assustador, comovente, de arrepiar. Regina disse que o escravos que iam trabalhar nas minas tinham um “prazo de validade” de 10 anos, no máximo 15.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto. Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto. Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Ela foi me mostrando as paredes das minas, seus veios de cristal, onde provavelmente poderia se encontrar ouro. A escavação precisava ser feita toda em um mesmo sentido, o que gera um bonito desenho. Na medida em que iam encontrando ouro, os mineiros vinham depositando em uns buracos arredondados chamados buchos. Assim, o ouro ficava bem guardado em um só lugar, e poderia ser facilmente recolhido no final do dia.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Veios de cristal na Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Veios de cristal

Bucho na Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Bucho

Além do ouro, outro elemento era extraído: a argila. Além de usada para fabricação de cerâmica, era utilizada também como maquiagem, conforme me relatou a Regina. Durante nossa visita, ela foi me mostrando as várias tonalidades ali encontradas – nós contamos 11, mas havia muito mais, só que acabou o espaço no braço da Regina.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Argila

Regina me mostrando um local com argila, na Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Regina me mostrando um local com argila. Observe um bucho aberto na direção da mão dela.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Olha quantas tonalidades!

No fim do passeio, Regina me mostrou alguns objetos que foram encontrados dentro da mina, quando foi redescoberta pela família da dona Mariazinha. São instrumentos utilizados para castigar os escravos, como correntes e algemas. Some todas as condições de trabalho que eu falei ali em cima com grossas argolas de ferro presa aos tornozelos. Triste e vergonhoso período de nossa História. 🙁

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Chico Rei, verdade ou lenda?

Falei do ouro, falei da mina, mas e onde que entra o Chico Rei? Deixei para o final, por ser uma história muito polêmica.

Segundo dizem, Chico se chamava Galanga e era rei de uma tribo no Congo. Ele, sua esposa e filhos foram capturados com toda sua gente por portugueses que traficavam escravos e trazidos para o Rio de Janeiro no navio negreiro Madalena, por volta de 1730-1740. Sua esposa e filha foram jogadas ao mar para acalmar a ira dos deuses da tempestade, junto com outro negros considerados mais fracos.

Todos que vieram com Galanga, incluindo um único filho que sobreviveu à viagem, foram comprados pelo Major Augusto, dono da Mina da Encardideira. Galanga foi rebatizado com o nome católico de Francisco.

Chico escondia ouro em pó entre os cabelos e, assim, foi juntando meios para comprar sua liberdade, a de seu filho e a de seus compatriotas. Major Augusto, doente e no fim da vida, vendeu a mina para o ex-escravo.

Chico Rei, já forro e com um certo poder aquisitivo (já era o dono da mina), mandou construir a Igreja de Santa Efigênia e os negros passaram a poder ser enterrados em uma igreja. Seria Chico Rei a pessoa que introduziu o congado em Minas Gerais. Morreu de hepatite aos 72 anos.

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Igreja de Santa Efigênia, em Ouro Preto, Minas Gerais.

Igreja de Santa Efigênia

Os que contestam sua existência alegam falta de registros históricos. Não há documentos que comprovem a existência de Chico. A primeira vez que foi citado em um livro foi em 1904, por Diogo de Vasconcelos, em “História Antiga de Minas”, em uma nota de rodapé (leia mais sobre isso aqui).

Os que acreditam na existência de Chico, afirmam que a tradição oral acerca de sua história é forte em Ouro Preto e que documentos podem ter se extraviado ou ter sido destruídos.

Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto.

Como visitar a Mina do Chico Rei

A mina fica aberta o dia todo. A entrada custa R$ 30,00 por pessoa (fevereiro de 2020) e não são aceitas carteirinhas de estudante. Grupos devem agendar pelo telefone abaixo. Há um restaurante no local, o Boca da Mina, que funciona apenas para grupos, com agendamento prévio e estacionamento gratuito.

Veja no mapa como chegar, partindo da Praça Tiradentes.


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Mina do Chico Rei

Rua Dom Silvério, 108 – Bairro Antônio Dias – Ouro Preto – MG
Horário de funcionamento: 8h às 17h30, diariamente
Telefone: (31) 3552-2866
Estacionamento no local
Valor: R$ 30,00 (fevereiro de 2020)
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mina chico rei

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Mina Chico Rei, uma mina de ouro do século XVIII, aberta à visitação, em Ouro Preto. Chico Rei teria sido um escravo que conseguiu adquirir a mina. Sua história e muitas outras curiosidades podem ser conhecidas na visita guiada.


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18 comentários em “Visitando a Mina do Chico Rei, em Ouro Preto

  1. Oi Gê
    Gostei tanto do seu relato sobre as minas de Ouro Preto, que escolhi da do Chico Rei pra conhecer (já tinha ido na do Jeje e da de Mariana). Foi uma pena que o guia que nos acompanhou não estava a fim de trabalhar e não deu explicação quase nenhuma. A visita durou no máximo 15 minutos, e foi praticamente entrar e sair. 🙁
    Ainda bem que seu texto acima complementou minha experiência! Teria sido outra coisa visitar com um bom guia.
    Pra quem ainda vai, o valor agora é R$ 25,00 por pessoa.
    Abs!

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