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Museu Histórico Regional Casa Garcilaso: a História de Cusco


Um museu bem interessante de se conhecer em Cusco é o Museu Histórico Regional Casa Garcilaso, que fica ao lado do escritório onde se compram os ingressos para Machu Picchu. Com dois andares e 13 salas, mostra a História de Cusco, desde os tempos pré-históricos até o Período Colonial.

De frente para a Plaza Regozijo, nós o víamos da janela do hostel em que ficamos na primeira parte da viagem, e já tínhamos nos encantado com o prédio antes mesmo de sabermos que ali funcionava o museu.

O Museu Histórico Regional Casa Garcilaso integra o Boleto Turístico, bilhete único que permite entrada em várias atrações.

Casa Garcilaso, vista do nosso quarto no Inti Wasi

Mas, antes de falarmos sobre o museu, é interessante saber quem foi essa pessoa que deu nome a ele: o Inca Garcilaso de la Vega.

Quem foi o Inca Garcilaso de la Vega

Garcilaso de la Vega Chimpo Ocllo era filho do espanhol Sebastián Garcilaso de la Vega y Vargas com a princesa inca Isabel Chimpu Ocllo. Nascido em 1539, foi um importante cronista, escrevendo sobre a história do Império Inca. Ele morou nessa grande casa até 1560, quando se mudou para a Espanha. A casa foi construída sobre bases incas e tinha um enorme pátio ao centro.

O Museu

São dois andares de exposições permanentes. Fotografias só são permitidas nas áreas externas. No primeiro piso, são expostos achados arqueológicos e paleontológicos da época pré-hispânica. Há fósseis de dinossauros encontrados na região, pinturas rupestres, cerâmicas, metais e pedras.

No segundo piso, são sete salas:

Sala  “De Santiago Matamoros a Illapa”

Fala sobre a desestruturação da civilização andina, que se inicou com a chegada dos espanhóis, em 1532. Manco Inca, o líder do povo inca, tentou reconquistar o Império Inca, num evento conhecido como “El cerco del Qosqo”, mas foi derrotado e teve que fugir para uma outra região.

Sala “Antiguas e nuevas artes”

Artistas italianos começam a difundir suas técnicas e conhecimentos na América Andina, a partir do fim do século XVI, objetivando “evangelizar” os nativos. As primeiras pinturas produzidas foram inspiradas nas trazidas por esses artistas, mas depois começam a incorporar elementos de sua própria cultura, surgindo a Escola Cusquenha, presente ainda hoje.

Sala  “Gastronomia e el pisco: persistencia y convivencia”

Uma sala super interessante! Conta a história da gastronomia cusquenha e também do Pisco, uma bebida alcoólica feita com uva, limão e clara de ovo. O pisco é originário da cidade peruana de mesmo nome e hoje a bebida é reconhecida como Patrimônio Cultural do Peru. Pisco é só no Peru! Isso é tão importante para eles e é tão levado a sério que é proibido entrar no país com qualquer bebida que tenha essa denominação. É tipo um “recuse imitações”! Há também o Dia do Pisco Sour: o primeiro sábado de fevereiro.

Pisco sour, bebida típica e patrimônio do Peru.

Sala “Evagelizacion”

Mostram a imposição do catolicismo sobre o povo inca. Podemos ver nas obras que os não-católicos eram retratados como infiéis, inferiores  e merecedores de castigo.

Sala “Tupac Amaru II”

Uma sala horripilante. Tupac Amaru II nasceu em 1740 e se chamava José Gabriel Condorcanqui. Em 1780, passou a usar o nome do último imperador inca, Tupac Amaru, e iniciou uma revolta (na verdade, inicialmente era um movimento pacífico) por melhorias nas condições de vida e trabalho dos nativos, a extinção da escravidão, da mita (mita era o trabalho forçado em troca de um pagamento ridículo, que podia ser até em tecidos os bebidas alcoólicas) e da cobrança de impostos. Chegaram as vencer algumas batalhas, mas o contra-ataque espanhol foi violento. Mataram milhares de indígenas e prenderam Tupac Amaru II, torturando-o, em vão, para que entregasse os nomes dos outros líderes. Segundo a História, enquanto estava preso, conseguiu escrever uma carta para seus companheiros, utlizando seu sangue, em um pedaço de sua roupa, mas ela foi interceptada pelos espanhóis.

Tupac Amaru II foi condenado à execução em praça pública, num dos atos mais cruéis que já se viu. Uma tela gigante retrata o acontecido e causa arrepios. Na Plaza de Armas de Cusco, Amaru foi obrigado a assistir à tortura de sua esposa, filhos, familiares e amigos, o que incluiu vê-los ter suas línguas arrancadas. Depois, um a um, foram todos executados. Por fim, amarraram os braços e pernas de Tupac Amaru a quatros cavalos, para que fosse esquartejado vivo. Tentaram várias vezes, mas como não conseguiram, o decapitaram, fincaram sua cabeça em uma lança e enviaram as partes de seu corpo para as cidades em que ele havia lutado, para que servisse de exemplo. Tudo isso enquanto o clero e os políticos assistiam a tudo,  em confortáveis tronos. Alguma semelhança com a História do Brasil?

Sala  “Estancia cusqueña”

Mostra do modo de vida da elite do período colonial, com móveis, vestimentas e objetos de decoração.

Sala  “Memoria del Inca Garcilaso de la Veja Chimpu Ocllo”

História da vida e produção literária de Inca Garcilaso.

Há, ainda, uma sala para exposições temporárias, na qual são apresentadas pinturas de artistas peruanos, sobretudo cusquenhos.

Museu Histórico Regional Casa Garcilaso

Calle Heladeros esquina com Calle Garcilaso
Clique aqui para ver o mapa
Horário de funcionamento: diariamente, das 8h às 17h
Entrada inclusa no Boleto Turístico
Fotografias não são permitidas


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