Um belo e enorme casarão chama a atenção de quem passa na rua São José, centro de Ouro Preto. É um sobrado com dezenas de janelas, sendo que as do segundo andar da fachada frontal ostentam uma varanda com guarda-corpo em ferro. É a Casa dos Contos, um museu gratuito que tem tudo a ver com as origens do Ministério da Fazenda no Brasil.
Um pouco da História do casarão
Essa maravilha de casa foi construída entre 1782 e 1784 para ser a casa de um senhor chamado João Rodrigues de Macedo, que era administrador de impostos da Capitania das Minas Gerais. Em 1792, vejam só que ironia, o próprio Macedo estava em dívida com o Fisco e a casa passou a ser propriedade da Real Fazenda! Ali passou a funcionar, então, a Casa dos Contos, uma espécie de contabilidade da capitania.
Anos mais tarde, em 1821, a casa foi ampliada e passou a funcionar também como casa de fundição. Lembram das aulas de História que o ouro só podia circular em barras de ouro, após serem cunhados pelo governo e terem a quinta parte, “o quinto”, retida?
Pois esse trabalho era feito também na Casa dos Contos. Para isso, foi instalado um grande forno com uma grande chaminé, que ainda pode ser vista atualmente. Em 1824, já existia ali, tudo no mesmo espaço, a Casa de Fundição e a Casa da Moeda, que também exercia a função de Secretaria da Fazenda.
Em 1897, a capital de Minas Gerais passou a ser Belo Horizonte e o prédio começou a sofrer muitas adaptações. Já foi ocupado pelos correios e pela Prefeitura, até que, na década de 1970, o Ministério da Fazenda assumiu novamente o prédio.
A grande restauração
Em 1984, a Casa dos Contos passou por uma grande reforma e restauração. Tudo o que descaracterizava a construção foi retirado e conseguiram recuperar muita coisa que estava bem precária. Outra preciosidades foram descobertas, como as pinturas do teto e da parede, que estavam encobertas por oito a dez camadas de tinta.
Também foram descobertos vãos, nichos, suportes para lamparinas e um sistema sanitário! Em 2004 houve nova manutenção e hoje a Casa dos Contos está lindona!
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A Casa dos Contos hoje
Hoje a Casa dos Contos é um belo de um museu! O Ministério da Fazenda é responsável pela administração do prédio. A visitação é gratuita e, embora não seja guiada, há funcionários em todas as salas para nos dar explicações.
O passeio começa na sala multimeios com a exibição de um filme institucional de cerca de 10 minutos de duração. Recomendo assisti-lo, pois ele guia o nosso olhar durante a visita.
Depois, voltamos ao hall de entrada, onde podemos observar um grande arco com suporte para tochas e lamparinas. Na base do corrimão da escada que dá acesso ao segundo piso, há um florão esculpido na pedra. Esse florão era o símbolo da Casa dos Contos.
Subindo as escadas, chegamos a uma área de circulação no segundo piso. Como guarda-corpo temos madeira muito bem trabalhada. Ainda nessa área está uma maquete detalhada da Casa.
Em uma das salas no segundo piso funciona o Ceco – Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, que reúne mais de dois milhões de documentos originais da época do Ciclo do Ouro. Esses documentos estão sendo digitalizados e microfilmados e estão disponíveis para consulta pública, inclusive pela internet.
Um outra sala é a Casa de Fundição, que mostra como era feito esse processo de fundir, bem como a cunhagem do ouro naquela época. Nesse espaço vemos também a história das moedas no Brasil Colônia e Império e também a evolução do processo de fabricação e cunhagem.
É nessa sala que está o sistema sanitário, que são buracos em forma de privada, vazados na parede! E adivinha onde que os “resíduos” caiam? Na senzala! Se não bastasse tudo o que as pessoas que foram escravizadas passavam ainda tinham que aguentar chuva de cocô e xixi na cabeça!
A sala seguinte mostra uma coleção de cédulas e moedas dos trocentos planos monetários que tivemos. É para você relembrar aquela loucura do cruzeiro – cruzeiro novo – cruzado – cruzado novo – cruzeiro de novo… Não é do meu tempo, mas minha mãe me contava…
Nas salas seguintes, temos móveis de época, objetos de decoração e uma biblioteca que é puro charme.
Subindo uma escada beeem íngreme chegamos ao mirante. Lá de cima temos documentos diversos e também um livro que documentou a visita de D. Pedro II à Casa dos Contos. Aqui fica um teodolito, um instrumento muito usado na construção para medir ângulos, falando bem leigamente. Mas ele está ali em uma posição estratégica, para que possamos avistar um museu do outro lado da cidade, a Casa dos Inconfidentes.
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Descemos tudo novamente e fomos para o primeiro piso, onde visitamos a cozinha dos escravos. Ao lado, a parte mais triste da casa: a senzala! Esta é a única área em que não é permitido fotografar, pois é onde está uma exposição particular com objetos centenários como ferramentas, utensílios domésticos e os cruéis instrumentos de tortura, como correntes, grilhões, máscaras, colares e palmatórias. E o fato deles estarem naquele ambiente deixa tudo ainda mais horripilante. Sem contar que, como eu já falei, de vez em quando voava bosta.
Os salões que ficam lateralmente ao hall de entrada são usados para exposições temporárias. No maior deles, à esquerda, podemos ver partes do teto e paredes preservados.
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Casa dos Contos
Endereço: Rua São José , 12, Centro. Ouro Preto
Telefone: (31) 3551-1444
Horário de Funcionamento: De terça a sábado das 10h às 16h45. Domingos e feriados das 10h às 14h45.
Site oficial: www.fazenda.gov.br/museus/casa-dos-contos
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