Os meus avós são os mais fofos, lindos e amorosos do mundo. E ainda têm um bônus que muito me agrada: amam passear, sobretudo se tiver natureza no meio. Já fazia muito tempo que eu queria levá-los ao Inhotim, mas queria fazer isso durante a semana, para pegar o lugar mais vazio. Aproveitei uma folguinha no trabalho e lá fomos nós!
Eu não conheço ninguém que não tenha gostado daquele lugar incrível, mas nunca havia conversado com ninguém da terceira idade que tivesse ido lá. O que será que meus avós queridos achariam daquele lugar que eu tanto adoro?
Por essa carinha já dá para imaginar:
Leia também: Como localizar as obras mais legais do Inhotim
O que considerei ao planejar a visita
Você já sabe que o Inhotim é enorme, né? É impossível conhecer tudo em uma dia só. Então é preciso conhecer os gostos da pessoa que você vai levar para planejar bem o que você vai conhecer. Os meus avós são pessoas bem simples e presumi que não se interessariam pela grande maioria das galerias de arte contemporânea.
Por outro lado, gostam demais de plantas. Então, eu, que já havia ido duas vezes ao Inhotim e conhecia razoavelmente bem o espaço, selecionei duas galerias que achei que seriam mais interessantes para eles (e acertei) e foquei mais nos destaques botânicos e em algumas obras ao ar livre.
Outra coisa que eu acho imprescindível se você vai com alguém de mais idade é o uso do transporte. Salvo raras exceções, tipo se sua avó for esta pessoa aqui embaixo, penso que usar o carrinho do parque vai ser absolutamente necessário.
Meus avós têm 80 e 74 anos, então jamais que eu ia fazê-los andar enormes distâncias sob o sol (anda-se quilômetros, somando todos os percursos). Pense nisso ao programar seu passeio.
Como foi nosso passeio
Vou te contar o que nós fizemos para que você possa se inspirar, caso os seus velhinhos também tenham gostos parecidos com os dos meus.
Como nós almoçaríamos no Restaurante Oiticica por motivos de “é mais barato” (R$ 38,90 o quilo), programei explorarmos as partes baixas dos eixos rosa e amarelo no período da manhã. Aqui não usamos o carrinho, pois no amarelo não tem e só ficamos na parte do rosa em que não há esse serviço.
Andamos despreocupadamente, bem devagar, e eles ficavam encantados com a maravilha do lugar! Encontramos pássaros e miquinhos e eles ficaram observando fascinados.
Não paravam de falar o quanto aquilo tudo era bonito, lembravam as árvores que já conheciam e se espantavam com as diferentes, como a paxiúba, que tem raízes-escoras.
No eixo rosa, o que fez sucesso foi a obra Bisected Triangle, Interior Curve, que fica perto do lago. O vidro curvo vira espelhos que deformam o corpo, tanto para deixá-lo mais gordinho, quanto mais magrinho, e meu avô, magrelo que só ele, achou um barato se ver marombado uma vez na vida!
No eixo amarelo passamos pelo Tamboril, aquela árvore gigante, e pelas Patas de Elefante. Eles amaram!
Tamboril
Patas de elefante
Ainda no amarelo, fomos à Galeria Cildo Meireles e eles gostaram da obra “Desvio para o Vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio”, popularmente conhecida como “casa vermelha”. Todos os móveis, eletrodomésticos e objetos da casa são vermelhos. Quando se abre a geladeira, só alimentos vermelhos. Quando se abre o guarda-roupa, só roupas vermelhas. Eles gostaram bastante porque muitos dos elementos ali são antigos – tipo a geladeira, que eles tinham uma igual, até uns cinco anos atrás.
Saindo dali fomos até a Galeria Praça, ver, ou melhor, ouvir a obra de Janet Cardiff. Trata-se de um coral de 40 vozes, cada uma saindo de um alto-falante. Se você caminha pelo salão, consegue ouvir cada voz separadamente. Se fica no meio dele, ouve-se o coral como um todo.
Ali perto tem o Largo das Orquídeas, que também fez muito sucesso, e depois observamos as carpas no lago. Voltamos para o eixo rosa para o almoço no Oiticica e descansamos um pouco naqueles troncos-banco maravilhosos que há ali por perto. Quando eles resolveram que era hora de continuar, partimos para o eixo laranja, e aí usamos o carrinho, pegando o primeiro deles na Parada 1. Descemos no Jardim Veredas, passeamos por ele e eles gostaram de outro tronco-banco, não sei se porque era bonito mesmo, ou se porque dava para sentar mais um pouquinho.
Passamos pelos fuscas, pegamos o carrinho na Parada 2 e, no meio do percurso, a condutora parou e nos explicou a obra Elevazione, que eu sempre achei que era uma árvore de cabeça para baixo. Na verdade, é uma escultura feita de bronze, moldada a partir de uma centenária castanheira.
O final da parada 2 é na obra Beam Drop Inhotim e eles acharam interessante o modo como ela foi feita: um guindaste ia soltando as vigas de aço em uma piscina de concreto, aleatoriamente.
Andamos um pequeno trecho até a parada 3, e aí topamos com um esquilo fofo.
Passamos pela caderneta de endereços mais charmosa que há: a piscina. E meu avô, faceiro que só, ficou doido para entrar. Só não foi porque não havia levado roupa apropriada e eu esqueci totalmente de avisá-lo sobre isso. Disse ele que na próxima vai dar um tchibum!
Usamos o percurso três do carrinho e paramos no lugar onde mais passamos tempo: o Viveiro Educador. Entre pau-brasil e filodendros estão três jardins: o de Todos os Sentidos, o Desértico e o de Transição. E ali, podendo tocar, cheirar e comer as plantas (com óbvio cuidado para as tóxicas e e pimentas), eles ficaram super à vontade. Lembravam o que tinha na roça, onde nasceram, cresceram e criaram os filhos, me explicavam para que servia cada planta medicinal, me mostravam as que “faz anos que não vejo essa aqui”.
Poderíamos ter usado o carrinho para o trajeto 5, mas fomos a pé porque imaginei que iriam gostar de passar pela Viewing Machine, o caleidoscópio. Acertei.
Depois de brincarem ali e admirarem o algarve-polvo, aquela planta diferentona em frente ao caleidoscópio, se sentaram na grama para um lanchinho.
Aí já deu a hora de ir embora. O vandário, outro lugar que eles queriam ir, acabou ficando de fora. Mas eles ficaram tão empolgados que já falaram que querem ir outras vezes, então haverá outras oportunidades!
Algumas dicas para visitar o Inhotim com terceira idade
Se você vai levar pessoas de mais idade ao Inhotim, é bom não se esquecer de algumas coisas. Algumas meio óbvias, mas não custa falar.
O ritmo do passeio é mais lento. Nada de pressa! Talvez seja preciso dar mais pausas.
Como já disse, usar o transporte do parque é quase que indispensável.
A próxima dica serve para qualquer idade: durante a semana, as lanchonetes não funcionam! No eixo laranja, por exemplo, você não vai achar nada para comprar para comer. Leve lanche e uma garrafinha de água. Há bebedouros com água potável espalhados pelo Inhotim.
Inhotim
Endereço: Rua B, 20, Brumadinho – MG
Horário de funcionamento: De terça a sexta-feira: 9h30 às 16h30; Sábado, domingo e feriado: 9h30 às 17h30
Valores: Terça a domingo: R$ 40,00 a inteira
Quarta-feira (exceto feriado): entrada gratuita
Fechado às segundas-feiras.
Site oficial
Agradecemos ao Inhotim pelos ingressos e transporte. As nossas opiniões, porém, seguem isentas e independem da cortesia.
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sempre me perguntei se os carrinhos são bons para o passeio. Vejo sempre idosos percorrendo, a pé, inhotim, no seu rítmo, mas a pé!
Adorei o post (e a carinha de felicidade de seus avós!)
É bem pessoal… Para ficar ali no miolinho da rota amarela acho ok, mas para ir às obras mais distantes da rosa e laranja, acho complicado sem.
Que passeio lindo! Eu já li alguns posts sobre Inhotim, com crianças inclusive, mas nunca com pessoas da melhor idade, então foi uma abordagem ótima do texto e com orientações muito boas para quem pensa em visitar! Muito esclarecedor! 🙂
Muito obrigada, Analuiza!
Gê deve ser sido um passeio e tanto, né? Que bom que seus avós gostaram! Ainda não conheço, mas está na lista. Bjs
Foi muito bom, Ana! Vocês vão gostar!
Adorei o post. Não conheço Inhotim, mas minha mãe e as amigas (3a idade) estiveram lá ano passado e adoraram.
Lá é sensacional! Obrigada pelo comentário, Fabiana!
Que amor os seus avós! <3 Amei o passeio que você fez com eles… deu saudade dos meus avós (caiu até um cisco no olho aqui). E Inhotim é tão legal, né? Fui apenas um dia, e quero ir de novo. Muito legal você contemplar um roteiro para a terceira idade, parabéns! 🙂
Um beijo
Poxa, Laura, muito obrigada! 🙂
Adorei seu relato.
Deve ter sido um passeio com uma experiência pra vida toda né? Inhotim é sensacional, mas ainda não conheço…
Obrigado por compartilhar.
Foi ótimo, mesmo, Diego! Obrigada pelo comentário!
Excelente post e muito boa dica de passeio, quem sabe um dia vou com a minha mãe, ela adora esse tipo de parque.
Ah, então ela vai gostar, Christian!
Ah, que coisa mais bonita. Inhotim + avós = beleza + amor… Trem bão demais da conta, sö!
hehehe, tem razão, Ana!
Que coisa mais linda seus avós! Parabéns. Realmente esse post nos deixa com a sensação de estarmos fazendo o passeio com vocês. Suas dicas são ótimas!
Muito obrigada, Keul! 🙂
Adorei o passeio da família e o lugar é lindo!
Demais, Adelaide!
Obrigada pelo comentário!
Ao ler o arttigo me senti absorvida no passeio!
O conteúdo do blog é sempre de fácil leitura, com dicas e informações valiosas para quem quer colocar o pé na estrada.
Te permite programar melhor o passeio e até economizar.
Excelente!
Poxa, Kelly, muito obrigada por suas palavras!!
Dá um gás para a gente continuar!