Mineiros na Estrada

Visita guiada ao Palácio Rio Branco, no Acre


Palácios de Governo são um ótimo lugar para aprendermos sobre História. O Palácio Rio Branco, sede do governo do Acre, é aberto à visitação pública e tem visita guiada. Fica bem no Centro, pertinho pertinho do Mercado Velho.

É um prédio muito bonito que demorou uns vinte anos para ficar pronto. Começou a ser construído na década de 1920, foi inaugurado inacabado nos anos 30 e só concluído em 1948. É inspirado em construções gregas, com várias colunas na fachada.  No pátio, vemos o Obelisco dos Heróis da Revolução, monumento em homenagem aos que combateram na Revolução Acreana*, a que culminou na anexação do Acre ao território brasileiro.

Durante os anos 1990, o palácio foi praticamente abandonado. Muitos dos móveis antigos foram distribuídos entre prédios públicos, alguns se deterioraram e outros tantos sumiram. Em 2002, o prédio passou por uma revitalização e virou um belo museu.

São dois andares, sendo que a parte superior é usada pelo governador. O primeiro piso é dividido em várias salas, contando as fases da História do Acre.

Um dos lustres do Palácio Rio Branco

Na sala “História do Povoamento”, fala-se sobre os povos indígenas. Antigamente, havia mais de 50 etnias no Estado, mas, infelizmente, a maioria foi exterminada. Hoje, estima-se que há apenas 16! Dezesseis fotografias, então, representam cada uma dessas etnias. Nessa sala há também indumentárias, instrumentos musicais e outros objetos confeccionados pelos índios. São tão diferentes entre si, que dá para notar como cada aldeia tem sua identidade.

Na sala “Uma terra de muitos povos” é mostrada a miscigenação dos povos. O período de povoamento do Acre foi marcado pela forte presença nordestina, mas, também, pela chegada de alguns imigrantes espanhóis, portugueses, italianos, sírios e libaneses. Aqui ouvimos depoimentos de pessoas que foram para o Acre em busca de melhores condições de vida, sobretudo durante o Ciclo da Borracha.

Outra sala que visitamos foi a “História do Palácio”, que mostra objetos e utensílios utilizados na época, bem como fotos da construção. A primeira sede do governo era toda em madeira. Aí chegou um governador nomeado no final da década de 1920 e achou aquele palácio um horror. Mandou derrubar tudo e construir um palácio de alvenaria, com arquitetura europeia. Contratou até um arquiteto alemão. Foi um grande avanço para a época e um marco na modernização do Estado, pois quase todas as construções até então eram de madeira. Em 1940, o piso superior funcionava como moradia do governador e o inferior era a sede administrativa.

Passamos para a sala “Tratado de Petrópolis”, onde são narradas as lutas para que o Acre pertencesse ao Brasil. A História é muito longa e não é o objetivo aqui contá-la, mas o que digo é que depois de muita discussão, muitos tratados e algumas revoluções, o Brasil comprou o Acre da Bolívia por dois milhões de libras esterlinas e parcelou de duas vezes.

Antiga bandeira do Acre

A próxima sala é a “Em defesa da floresta”, onde a história é contada a partir dos anos 70 do século passado. Queria-se implantar e desenvolver a pecuária no Estado, mas, para isso, seria preciso desmatar a Floresta Amazônica para se criar os pastos. Os seringueiros começaram, então a se mobilizar. Faziam os chamados empates: quando a galera da pecuária vinha com as motosserras para derrubarem as árvores, eles se colocavam à frente delas para evitar que isso acontecesse. Tudo de maneira pacífica – os seringueiros não usavam armas. Até que o líder do sindicato dos seringueiros foi assassinado. Chico Mendes assume seu lugar e o resto da história você já sabe, foi covardemente assassinado. Chico é considerado o maior defensor da Floresta Amazônica e  sua luta é reconhecida no mundo todo.

Ao irmos para o segundo andar (onde não é permitido fotografar), vemos um enorme óleo sobre tela, com oito metros de altura, retratando uma batalha da Revolução Acreana. A obra é do artista Sansão Pereira, acreano de Xapuri.

No piso superior, só fomos em alguns ambientes, como o Salão Dom Pedro, que é usado para receber autoridades em solenidades, e o Salão Nobre, usado em solenidades e reuniões, e que tem o forro original de 1940.

Fachada posterior do Palácio Rio Branco

Palácio Rio Branco
Praça Eurico Dutra, entre o Memorial dos Autonomistas e a Praça dos Povos da Floresta.
Horário de Visitação: terça a sexta de 8h às 18h; sábados, domingos e feriados: 16h às 21h.
Entrada franca 

(*De acordo com o Novo Acordo Ortográfico, o gentílico deve ser escrito com /i/ – acriano. Contudo, a Academia Acreana de Letras não reconhece tal forma, alegando que ela quebra a identidade do povo. Por essa razão, manterei a maneira como usam – com /e/.)