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Nossos dias nas Paralimpíadas: uma experiência inesquecível


Superação. Essa é a palavra que mais se ouve durante os Jogos Paralímpicos. Por mais clichê que possa parecer, é a que melhor se encaixa.

Acabamos de chegar do Rio, onde fomos exclusivamente para presenciar um pouco das Paralimpíadas. Meu coração bate forte por inclusão (já fui fonoaudióloga, trabalhando com pessoas com diversas deficiências, já estudei Libras e tenho formação em Braille) e perdi as contas de quantas vezes me emocionei nesses dias. Foi uma das experiências mais incríveis que já tivemos. Inclusive, emoção, emocionar e emocionante serão as palavras que você mais lerá nesse post. 🙂

Antes de mais nada, desculpem pelas fotos. Não estão muito boas porque são todas de celular. Para ver fotos de verdade, olhem o Flickr do Comitê Paralímpico.  O Comitê autorizou o uso de fotos para fins não comerciais, então as fotos que usei aqui estão devidamente creditadas.

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Chegamos na quarta-feira, mas, infelizmente, não conseguimos comprar ingressos para a abertura. Nos outros dias, conseguimos assistir a duas partidas de basquete em cadeira de rodas, a duas de goalball, a uma de vôlei sentado, a várias provas de atletismo e a várias lutas de judô.

Na quarta-feira a gente chegou a arriscar e foi ao Maracanã tentar ingressos, mas não deu. Só tinha o de R$ 1.200,00 e isso estava um pouquinho acima do nosso orçamento. Só um pouquinho. 😉

Na quinta-feira, nosso primeiro ingresso dava direito a duas partidas do basquete em cadeira de rodas feminino.  Na primeira, vimos as americanas derrubarem as francesas por 93 a 37.

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Após um intervalo, começou a partida entre Brasil e Argentina. Confesso que já me emocionei no hino nacional…

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O jogo foi fácil: 85 a 19. Muitas jogadas incríveis, lances perfeitos e momentos lindos. Mais de uma vez aconteceu de uma jogadora cair na quadra e o time adversário parar a jogada e voltar para ajudar quem caiu a levantar. Como que não emociona?

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À tarde, a ideia era irmos à natação, mas também não conseguimos ingressos. Como não tinha mais nenhum evento em que o Brasil participaria, fomos ver o goalball, que é a única modalidade exclusiva para para-atletas. Acompanhamos Finlândia e Lituânia no masculino e China e Austrália no feminino. É um esporte bem diferente e só jogam deficientes visuais. Para igualar as deficiências, todos são vendados. Leia sobre o esporte aqui.

Arena do Futuro, onde estão acontecendo as partidas de goalball

Arena do Futuro, onde estão acontecendo as partidas de goalball

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paralimpiadas-19 paralimpiadas-14 paralimpiadas-18 Na sexta-feira, fomos lá para o Riocentro ver vôlei sentado masculino, modalidade parecida com o vôlei convencional, mas com quadra um pouco menor. As outras regras são iguais: melhor de cinco sets, seis em quadra, líbero, 25 pontos por set e 15 no tie break. A seleção brasileira venceu fácil a norte-americana por 3 a 0.

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Execução do hino nacional

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No fim da tarde fomos até o Engenhão e vimos várias modalidades de atletismo: corrida, lançamento de disco, lançamento de dardo, salto em altura. Foi muito legal poder ver diversos tipos de provas em várias categorias e nos emocionamos em vários momentos.

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Em uma das baterias da corrida de 5000 metros em cadeira de rodas, um atleta dinamarquês ficou bem atrás dos demais (mais de uma volta atrás). A cada vez que ele passava todos o aplaudiam. Quando ele conseguiu terminar, o estádio o aplaudiu de pé! Mais tarde, vimos uma entrevista dele dizendo o quanto aquilo foi importante para ele e estimulou a completar a prova.

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Olha ele aí

Olha ele aí

O salto em altura foi indescritível! Atletas amputados, com apenas uma perna, saltando mais de 1,70 m. De várias nacionalidades, pediam o apoio da torcida – e eram atendidos!

Em outra categoria, os atletas vencedores deram a volta no estádio para agradecer a torcida: e nenhum era brasileiro.

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Ficamos tristes com a eliminação da Terezinha Guilhermina, atleta daqui de Betim, nos 100 metros rasos. (Mas ainda tem mais provas para ela no dia 12. #VaiTerezinha)

Mas, tivemos o privilégio de ver 3 pódios naquela noite: duas pratas, com Fábio Bordignon e Verônica Hipólito, ambos com algum grau de incoordenação ou limitação motora, nos 100 metros rasos, e um bronze, com Izabela Campos, atleta cega, no lançamento de disco.

Atletas do salto em altura

Atletas do salto em altura

A manhã de sábado foi reservada para o judô, esporte no qual competem atletas com deficiência visual, podendo ser totalmente cegos, perceber luz, perceber vultos, ou perceber imagens, mas com campo visual de até 20º ou acuidade visual bastante comprometida. Conseguimos assistir a várias lutas e acompanhar três brasileiros indo para a disputa do ouro: Alana Maldonado, Antônio Tenório e Willians de Araújo. Deanne Almeida foi para a disputa do bronze.

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Arena lotada

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Willians, prata no judô, ouvindo a medalha. Cada tipo de medalha, ouro, prata e bronze, faz um som diferente para que os atletas cegos consigam identificá-las. Foto de Cleber Mendes/MPIX/CPB

Willians, prata no judô, ouvindo a medalha. Cada tipo de medalha, ouro, prata e bronze, faz um som diferente para que os atletas cegos consigam identificá-las.
Foto de Cleber Mendes/MPIX/CPB

Outras coisa muito legal é que antes de cada esporte é passado um vídeo explicando as especificidades daquela modalidade. Há também um livrinho gratuito explicando todos os esportes. É só pegar no guichê de informações.

Clima Paralímpico

Ver as pessoas juntas, felizes, torcendo não só pelo Brasil, mas também por cada atleta de todo o mundo é muito especial! Ver a emoção dos atletas no pódio, ou mesmo ao cruzar uma linha de chegada, ao acertar uma cesta, ao fazer um bloqueio é muito lindo!

Conhecer as histórias dos atletas nos faz emocionar ainda mais com eles.

Conhece o Antônio Tenório? Ficou cego aos 13 anos após tomar uma “estinlingada” de mamona no olho. Simplesmente tetracampeão paralímpico no judô.

Antônio Tenório - Foto de Cleber Mendes/MPIX/CPB

Antônio Tenório – Foto de Cleber Mendes/MPIX/CPB

E a Terezinha Guilhermina, que sempre teve uma vida super humilde, com 12 irmãos, sendo cinco também cegos? Já tem seis medalhas paralímpicas no atletismo!

Terezinha Guilhermina. Foto de Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Terezinha Guilhermina e seu atleta-guia Rafael Lazarini  – Foto de Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

O que dizer do André Brasil, nadador que teve uma reação vacinal e acabou com poliomielite e hoje detém nada mais nada menos que seis recordes mundiais?

André Brasil - Foto de Washington Alves/MPIX/CPB

André Brasil – Foto de Washington Alves/MPIX/CPB

Na natação também temos o Daniel Dias, que nasceu com uma má formação nos dois braços e em uma perna e até antes desta edição dos jogos já tinha 10 ouros paralímpicos.

Daniel Dias - Foto de Fernando Maia/MPIX/CPB

Daniel Dias – Foto de Fernando Maia/MPIX/CPB

E a Shirlene Coelho, nossa porta-bandeira, atleta com paralisia cerebral que é recordista mundial no lançamento de dardo e já faturou o ouro nessa edição dos jogos.

Shirlene Coelho - Foto de Daniel Zappe/MPIX/CPB

Shirlene Coelho – Foto de Daniel Zappe/MPIX/CPB

Quer mais um exemplo? Conheça a Susana Ribeiro. Ela era pentacampeã brasileira de triatlo quando descobriu uma doença degenerativa chamada Atrofia de Múltiplos Sistemas. Foi para a paranatação, mas como a doença só piora, ela precisa sempre passar por avaliações e é reclassificada para categorias com maior grau de comprometimento. Hoje, aos 48 anos, ela só tem 40% da capacidade respiratória, perdeu o paladar e o olfato, mas continua treinando seis horas por dia para competir. Sabe o que ela falou? “O maior legado da paralimpíada vai ser perdermos o rótulo de ‘coitadinhos’. (…) Quem tem essa doença normalmente morre depois de sete ou oito anos. Eu vou completar 12 anos e estou aqui ainda. É isso que o esporte faz por mim. Eu vou até Tóquio.”(Recomendo que você leia esta matéria sobre a Susana.)

E a gente aqui, reclamando do braço gordinho, da canela fina, da bochecha grande…

Muitas excursões de escolas da cidade estão indo ver os jogos! Que bela oportunidade estão tendo essas crianças e adolescentes de poderem conhecer essas modalidades esportivas ainda novinhos. Eu só fui saber que existia paralimpíadas após olimpíadas já no fim da adolescência.

E quantas crianças com deficiência vimos pelas arenas! Olha que coisa mais especial! Elas estão podendo vivenciar um momento único e terem uma grande inspiração para suas vidas. Uma vez um amigo surdo me disse que quando ele era criança não conhecia nenhum surdo adulto. Ele não tinha coragem de contar para ninguém, mas ele achava que ia morrer. Imagina você não conhecer nenhum adulto como você! Quando ele conheceu um surdo adulto e ele era um professor, ele percebeu que ele não só “poderia chegar a ser adulto, mas também poderia ser alguém na vida”. Percebem a importância de um evento desses para as nossas crianças com deficiência?

Te pergunto de novo: É ou não é para se emocionar?

Viver os Jogos Paralímpicos foi uma experiência que levaremos para nossas vidas. Foi uma pena não termos podido ficar mais dias, mas aproveitamos cada momento e guardaremos todos eles no coração.

O Parque Olímpico da Barra

O Parque Olímpico ficou lindão! Tudo muito organizado, com muitos voluntários, sempre com muita simpatia, dispostos a orientar a todos. O espaço é bem amplo, com vários ginásios, mas é tudo bem sinalizado. Para entrar, é necessário passar por um detector de metais e os pertences são escaneados com raio-x. O tempo na fila, porém, era mínimo. A Mariana, do Mariana Viaja, fez um post ótimo contando tudo o que tem por lá. Só a alimentação que achei que deixou a desejar – comida ruim e cara. Exemplos: Mini-pizza a R$ 15,00, água mineral a R$ 8,00, refrigerante a R$ 10,00 (só tem de 600 mL e você tem que beber tudo, porque te entregam sem tampinha).

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Ainda dá tempo!

Se você mora no Rio, faça um esforço e vá ver pelo menos um evento – alguns deles são à noite. O transporte público está funcionando muito bem e há policiamento intensivo.

Se você não mora no Rio, também é possível ir, gente. A gente alugou um apartamento na Barra, pertinho do Parque Olímpico, por R$ 620,00 as três diárias! Éramos quatro pessoas, então saiu a R$ 155,00 por pessoa! Chamem os amigos, dividam o combustível, e participem também desse momento único!

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31 comentários em “Nossos dias nas Paralimpíadas: uma experiência inesquecível

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  2. Posso ser sincera? Me emocionei com seu texto. Imagine pra qm viu ao vivo… Nós reclamamos demais e os que possuem limitações estão aí pra dar na nossa cara, rsrs. “E a gente aqui, reclamando do braço gordinho, da canela fina, da bochecha grande…” Excelente post!

  3. Eu passei a semana toda lá. Assisti tudo que é jogo de basquete, goal ball e natação. É impressionante como esses atletas fazem tão bonito que mostram o que é o espírito paraolímpico.
    Uma das cenas que mais me impressionou: quando um jogador brasileiro caiu no jogo de basquete de cadeira de rodas do Brasil x Turquia, dois turcos vieram um de cada lado dar as mãos e ajudá-lo a levantar. Tem como não emocionar?
    Só torço para que esse espírito de colaboração e inclusão não encerre com as paraolimpíadas.
    Lindo post!
    Beijo!

  4. Demais, estes caras são verdadeiros exemplos! Eu gostaria muito de prestigiar, mas não vou conseguir! Deve ser uma bela experiência e uma grande lição!! Uma grande pena é a TV aberta “ignorar” as paralimpiadas e não transmitir nada!
    Um abraço! 🙂

  5. Nossa, fiquei arrepiada aqui lendo seu relato de como foi tudo, a sua experiência.. e todos esses atleltas, realmente tudo muito emocionante, que lindo! Se eu tivesse por aí também tentaria ir lá ver tudo isso de perto. Achei demais que as medalhas fazem sons para os deficientes visuais, muito legal.. Realmente uma experiência pra se guardar pro resto da vida <3

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