Mineiros na Estrada

Como foi minha semana no Acre


Quase todas as pessoas com quem eu falei que estava indo para o Acre tiveram a mesma reação: Para o Acre?!?! Algumas acharam que era brincadeira e ficaram esperando eu dizer “a verdade” depois. Geralmente vinha segunda pergunta: O que você vai fazer lá? E alguns chutaram trabalho voluntário em alguma aldeia indígena.

Sim, eu fui para o Acre, fiquei uma semana por lá e fui passear. Bom, fui passear, mas o motivo número um da minha viagem foi outro e, para falar a verdade, se não fosse esse motivo, eu demoraria mais uns anos até colocar Rio Branco na lista de cidades para visitar.

É que a minha avó tem uma irmã que mora no interior do Estado e eu fui levá-la para reencontrar essa minha tia, depois de 15 anos sem sequer um telefonema. Ver as duas juntas, a emoção delas, a empolgação da minha tia-avó em nos ter em sua casa, tudo isso foi muito, muito bom!

Por uma enorme coincidência, no fim de semana que chegamos a Acrelândia, cidade a 100 km da capital onde minha tia mora, acontecia a comemoração do seu aniversário de 80 anos. Mais emoção!

Ramal, que é como chamam as estradas que cortam a zona rural

Nessa viagem eu pude também fazer algo que gosto muito, mas acabo não fazendo tanto nas outras viagens: conversar com moradores locais. Nos dias lá em Acrelândia foi o que mais fiz, pois toda hora chegava alguém ao sítio (lá chamado de colônia) onde minha tia mora. Ouvi histórias curiosas, como a de uma senhora de uma família de 12 irmãos, sendo cinco pares de gêmeos e a de outra senhora que nasceu em Curitiba, depois morou em Foz do Iguaçu, depois no Paraguai, depois em Mato Grosso, depois em Rondônia, até se fixar em Acrelândia.

Em Acrelândia, foram cinco dias muito diferentes. Não havia sinal de telefone e muito menos de internet. Também não tinha chuveiro elétrico. Ia dormir às oito da noite e lá pelas dez da manhã já estava almoçando. Acordava com um filhotinho de porco lindo fazendo óinc óinc debaixo da minha cama (pelo lado de fora da casa, que é de madeira e suspensa).

Aprendi um pouco sobre o cotidiano das pessoas, que, na maioria, trabalham com gado e produzem frutas em pequena quantidade para consumo próprio e para vender.

Fui pro meio da mata ver as castanheiras e vi como é a colheita das castanhas-do-acre (são castanhas-do-pará, mas disse meu primo que lá são castanhas-do-acre), fantasticamente acomodadas dentro dos seus ouriços.

Indo para a mata. Os cachorros vão à frente.

Os ouriços vazios. As castanhas já foram retiradas

Cogumelozinho no caminho das castanheiras

Um dia fui parar na Bolívia, numa vila chamada Puerto Evo Morales, departamento de Pando, divisa com Plácido de Castro, no Acre. Minha prima nos levou para conhecer o comércio de lá, onde muitos iam comprar as mais diversas mercadorias: roupas, brinquedos, artigos para o lar. Não tivemos uma boa experiência, pois todos os vendedores com quem tivemos contato tinham o seguinte lema: “só ponha a mão se for levar”, e nos diziam isso com muita simpatia. #sqn

A rua do comércio na Bolívia

Manequim boliviana

Disseram-nos que atualmente quase ninguém vai mais lá fazer compras, pois o preço não compensa mais. E, realmente, somente em uma das lojas havia mais um casal olhando produtos, no restante éramos apenas nós. 

Na volta da Bolívia paramos no único ponto turístico de Plácido de Castro, o Cristo Redentor, de onde vemos o rio Abunã, que divide os dois países.

Cristo de Plácido de Castro

Rio Abunã – do lado de lá é Bolívia

Centro de Informações Turísticas de Plácido de Castro em greve

Mas eu aproveitei a viagem para conhecer a capital acreana*, turistando pelos principais pontos. Com dois dias dá para fazer o principal. Nós fizemos em um dia e meio, mas isso já é assunto para outros posts. Continue com a gente!

Eu, toda jacu e feliz da vida com a folha gigante, dando pinta de que fui menina criada em apartamento.

(*De acordo com o Novo Acordo Ortográfico, o gentílico deve ser escrito com /i/ – acriano. Contudo, a Academia Acreana de Letras não reconhece tal forma, alegando que ela quebra a identidade do povo. Por essa razão, manterei a maneira como gostam – com /e/.)