Mineiros na Estrada

O Museu do Azulejo, em Montevidéu


Para mim, uma grata surpresa foi visitar o Museu do Azulejo. Ele ocupa um antigo prédio de três andares e o seu acervo é de mais de 4500 peças.

A história do museu é bem interessante. Tudo começou quando, na década de 1930, Herman Artucio comprou um edifício na rua Yi, onde hoje é o museu. No primeiro piso ficavam seus consultórios médicos e nos outros andares, a moradia de sua família. O dr. Herman tinha um filho, o Alejandro Artucio Orioste, que desde pequeno adorava colecionar garrafas e caixinhas de fósforos (oi?). Um dia, o menino Alejandro foi ver uma demolição na Cidade Velha e ganhou de presente um azulejo da construção que foi ao chão. Pronto! O menino pirou no azulejo! Conseguiu comprar outros da mesma coleção. Por acaso, depois foi à Feira Tristán Narvaja e encontrou um livro que falava de sua coleção de azulejos. Olha o que Alejandro Artucio, hoje arquiteto, disse sobre o fato:

“El libro decía que tenía 100 modelos y pensé que si tenía 20 podía conseguir los 80 que me faltaban. Empecé a juntar. Pero Mora [o autor do livro] se había equivocado y hay 1.000.”

Bem, o dr. Herman faleceu e a casa foi vendida, pois era muito grande para a família. E o sr. Alejandro continuou a juntar azulejos.

Em 1997, graças a um convênio com a Intendencia de Montevideo e outra patrocinadora, o museu foi criado na rua Cavia, com 1500 azulejos. Em 2004, o sr. Alejandro doou toda sua coleção para a Intendencia de Montevideo. O acervo foi aumentando, muitas doações particulares foram chegando e o local foi ficando pequeno para as 4500 peças. Em 2009, para alegria do. sr. Alejandro, o museu passou a funcionar na rua Yi, na casa onde ele cresceu.

Mas, vamos à nossa visita.

Como é a visita

O prédio é meio escondido, mas tem uma plaquinha identificando. Quando chegamos, a porta estava fechada e não percebíamos nenhum movimento. Achei estranho, porque tinha conferido no site e sabia que deveria estar aberto. Tocamos a campainha. Nada. Tocamos novamente. Nada. Tocamos pela terceira vez. Já havíamos dado a meia volta para ir embora quando veio um rapaz com cara de sono e abriu o portão. A recepção não é das mais calorosas. Logo chegou uma senhora e perguntou como sabíamos da existência do museu.

Não havia ninguém mais além de nós dois, do rapaz, que ficou na recepção, e da senhora, que nos encaminhou para a primeira sala, ao mesmo tempo em que acendeu as luzes desse ambiente. E assim ela fez em todo percurso: ia acendendo as luzes quando entrávamos nas salas e apagando-as quando saíamos, com cara de disciplinária de colégio e sem dizer mais que duas frases: “São todos originais.”, em resposta a uma pergunta minha, e “Tem mais um andar lá em cima.”.

Mas o museu é encantador. As peças são muito ricas. Era costume uruguaio, desde 1790 a 1930, azulejar as casas, mas, como não havia fábricas no país, importavam-se azulejos. Daí terem tantos de tantas partes diferentes do mundo: Argentina, Holanda, França, Brasil, Espanha, México, Portugal, de vários estilos, técnicas e tamanhos. Há pintados à mão, com relevo, só com duas cores, formando desenhos, geométricos… Tem de tudo.

Sem contar que tinha peça lá do século XI. Isso mesmo, onze!!!

Apesar do museu ser grande e de ter esse tanto de peças, a visita não é muito demorada, a não ser que você seja muito interessado em azulejos e vá olhando um a um. Nós demoramos cerca de 45 minutos. Vale muito a pena. É no Centro, fácil de ir, grátis e dá para combinar com o Museu do Automóvel e com MuHar.

Leia também: Conheça o Museu de História da Arte (MuHar), em Montevidéu

Museo del Azulejo

museodelazulejo@imm.gub.uy
Endereço: Yí 1444
Tel: [598] 2 902 33 32
Horário de funcionamento Terça a domingo, de 12h15 às 17h45
Entrada franca
Site oficial


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