Mineiros na Estrada

Cânion do Itaimbezinho: tudo para você organizar o seu passeio


Itaimbezinho. Do tupi, “ita”, pedra, “aimbé”, cortada. É isso o que parece, que as pedras foram cortadas, aparadas com faca. Daí o nome do parque nacional onde fica o Cânion do Itaimbezinho: Parque Nacional de Aparados da Serra.

Se você não faz ideia do que estou falando, leia este post aqui sobre a cidade de Cambará do Sul, uma das portas de entrada para o Parque. Já leu? Então podemos continuar.

Neste post, vamos falar sobre o parque, o cânion e o que você precisa para seu passeio ficar mais agradável.

O Parque Nacional de Aparados da Serra está localizado em dois municípios: Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, e Praia Grande, em Santa Catarina, na parte leste da fronteira entre os dois Estados.

Fica na Serra Geral e tem mais de 13 mil hectares de área, formado por Mata Atlântica e com florestas de araucárias, fazendo divisa com o Parque Nacional da Serra Geral, onde está o Cânion Fortaleza, sobre o qual falaremos no próximo post. Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o mesmo que cuida do Parque Nacional do Iguaçu, foi criado no ano de 1959.

A grande estrela do parque é o Cânion do Itaimbezinho, formado por grandes paredões praticamente verticais, com até 700 metros de altura e quase 6 quilômetros de extensão, que fazem uma abrupta transição com o relevo do planalto.

O cânion pode ser visto por trilhas, sendo que as superiores, que foram as que fizemos e falaremos abaixo, são bem demarcadas. Quando se chega à região dos desfiladeiros, temos cercas de proteção. Não há lugares para descanso no percurso, nem lanchonetes – leve lanche e água. Na trilha do Cotovelo há um único banheiro para homens e mulheres (não é um para homens e um para mulheres, não! É um para todo mundo).

Porém, isso se torna um detalhe diante de tanta perfeição da natureza. São estruturas grandiosas e sem igual. As fotos não me deixam mentir, embora não se comparem à vista ao vivo.

As trilhas

As duas trilhas que podem ser percorridas sem guia são as que têm entradas por Cambará do Sul: Cotovelo e Vértice.

Trilha do Cotovelo: tem mais ou menos seis quilômetros, ida e volta. Ela nos leva até mirantes que permitem uma boa visão do cânion. A trilha é bem demarcada, mas estava com lama, pois havia chovido durante a madrugada. Mas é perfeitamente possível de ser feita sem guia, mesmo para pessoas inexperientes.

Trilha do Cotovelo

Trilha do Vértice: tem pouco menos de 1,5 quilômetro, ida e volta, e permite outras visões, em três mirantes: o da Cascata Andorinhas, uma queda de 300 metros; o da Cascata Véu de Noiva, com 500 metros; e um outro com vista de ambas e do início do cânion, que tem forma de vértice. Também bem delimitada, com cerca de proteção e bem tranquila de ser feita.

Início da Trilha do Vértice

Trilha do Vértice

Trilha do Rio do Boi: a entrada dessa trilha é pelo município de Praia Grande. São cerca de oito quilômetros (ida e volta) e só pode ser feita com guia. É feita pelo interior do cânion e, em dias mais quentes, é possível tomar banho no rio.

Foto: Luciano Pereira (Panoramio)

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Como chegar

A sede do parque, que é a entrada das trilhas autoguiadas Vértice e Cotovelo, fica a 18km do centro de Cambará do Sul, parte desse trajeto em estrada de terra. Não encontrei informações sobre ônibus para a portaria do parque. Se você não estiver com carro, pode contratar uma agência de turismo que fazem passeios ou ir de táxi e combinar com taxista um horário para a volta, caso queira ficar mais livre (veja aqui telefones de taxistas).

Todas as agências de turismo da cidade oferecem passeios guiados para os cânions. Como elas estão localizadas na Avenida Getúlio Vargas, bem próximas umas das outras, faça uma pesquisa de preço em todas antes de fechar negócio. Nós encontramos diferença de quase 50% entre elas, para o mesmíssimo roteiro.

Nossa experiência

Nós já tínhamos pesquisado sobre os cânions Itaimbezinho e Fortaleza, vimos que eram visitáveis sem guia e que muitas pessoas iam por conta, apesar da estrada de terra. Fomos com a ideia de irmos sozinhos mesmo. Só que chegamos em Cambará em uma segunda-feira de chuva intensa. Conversamos com o Augusto da pousada e ele disse que a estrada que vai para o Itaimbezinho era até razoável, mas a que ia para o Fortaleza era bem ruim. Com a chuva, a situação certamente estaria bem pior. Ficamos com medo de ter problemas com nosso carro alugado, quem sabe até em um ponto em que não houvesse sinal de celular. Diante da incerteza da situação da estrada, fomos olhar os passeios com as agências.

De fato, creio que teríamos problemas pelo caminho. Em certo ponto, a chuva formou um riacho que estava erodindo a estrada. O 4×4 em que estávamos passou, mas um carro comum de passeio provavelmente atolaria. Na volta, parte desse trecho havia cedido.

Nosso grupo era de quinze pessoas, mais o guia. Começamos pela Trilha do Cotovelo, aquela dos seis quilômetros. A caminhada na trilha é rápida, sem paradas para fotos ou para apreciar a paisagem. Quando chegamos ao primeiro mirante, tivemos cinco minutos para contemplação. Continuamos a caminhada e paramos rapidamente em mais um lugar antes de chegarmos ao final da trilha. Lá no final, ficamos 10 minutos e já voltamos. Super rapidinho assim.

Na volta paramos no banheiro o tempo suficiente para que as pessoas o usassem. Volta sem paradas pela trilha novamente.

Antes de começarmos a trilha do Vértice, paramos em frente ao Centro do Visitante para descansar por 3 minutos. Não dava tempo nem de entrar para ver o que há nele. Se havia outros banheiros, lanchonete ou alguma exposição, não sei dizer.

Centro do Visitante

Começamos a outra trilha, que foi como a primeira. Passos rápidos e paradas mais rápidas ainda nos mirantes.

No fim das contas, nós começamos a primeira trilha às 9h15 da manhã e às 12h30 já estávamos de volta ao Centro de Cambará do Sul, sentadinhos no Sendero Bistrô para almoçarmos.

Vale a pena contratar guia?

A maioria de nós, pessoas comuns, que não somos escaladores, nem temos um programa de TV sobre natureza, terá a oportunidade de ver um lugar tão incrível como esse pouquíssimas vezes na vida. É uma grande pena que depois de uma viagem tão longa e de uma caminhada de 3 quilômetros em terreno não asfáltico, tenhamos apenas 10 minutos para contemplar aquela magnífica e esplendorosa obra da natureza.

Os passeios com as agências são assim. Duram apenas a parte da manhã. Se você não se importa e é do tipo viu-tá-visto, ótimo. No nosso caso, que não tínhamos um 4×4 e fomos em período chuvoso, também acabou se tornando a única opção. Mas se você tem um veículo desse tipo, ou se não tiver chovido na região nos últimos dias e a estrada estiver em boas condições, eu diria para ir por conta própria e tomar o seu tempo. Admirar com calma o lugar, parar para descansar, fazer um lanchinho antes de retornar, tirar fotos tranquilamente, olhar um animalzinho de longe: tudo isso não tem jeito com excursão.

Repito: é muita beleza para ser vista correndo.

Ficou alguma dúvida? Algo que queria perguntar pra gente? Pode fazer isso nos comentários.

Parque Nacional Aparados da Serra
Horário de funcionamento: terça a domingo, de 9h ás 17h. Permitido ficar no parte até às 18h. O parque abre às segundas em feriados e na semana do carnaval.
Valor: R$14,00 para estrangeiros e R$7,00 para brasileiros. Menores de 5 e maiores de 60 anos não pagam. Não aceitam carteirinha de estudante. Pagamento somente em dinheiro. Caso esteja com carro, deve pagar mais R$5,00. (preços de setembro de 2015)
Site oficial: www.icmbio.gov.br/parnaaparadosdaserra
Importante: não é permitido acampar, fazer fogueira, recolher pedras, plantas ou animais.
Não se esqueça de recolher seu lixo.
É proibido entrar com animais.


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