Nossa estadia em Brasília foi rápida, pois o principal objetivo era tirar o visto americano. Porém, aproveitamos bem o tempo livre que tivemos (apesar da chuva). Nós queríamos fazer o tal “turismo cívico”, visitando pelo menos o Congresso Nacional e os Palácios do Planalto e da Alvorada. Este último seria impossível, pois o único dia aberto à visitação pública é a quarta-feira. O Palácio do Planalto abre aos domingos, mas quando fomos lá, estava acontecendo uma corrida de rua e a região estava interditada. Assim, o único que conseguimos ver foi o Congresso Nacional. E valeu a pena demais!
A visita começa no Salão Negro, cuja entrada é pela rampa. Antes de entrar, recebemos uma senha e passamos por detectores de metais. Recebemos um cartão postal para enviarmos gratuitamente para alguém. É só preencher e colocar na urna. Como ainda faltava um tempinho para o próximo grupo, vimos a exposição temporária que acontecia no Salão e também visitamos o Museu do Senado, cuja entrada fica à esquerda.
A exposição temporária chamava-se Memórias Femininas da Construção de Brasília e contava a história das mulheres que foram para Brasília na época de sua construção, a maioria para acompanhar os maridos. Foram reproduzidas casas, acampamentos dos trabalhadores, locais de trabalho das mulheres, vestimentas, utensílios do lar e móveis.
Já o Museu Histórico Senador Itamar Franco, ou Museu do Senado, mostra um pouco da história do senado desde o Brasil Império. Vemos retratos de todos os presidentes do Senado, além de mobiliário de época e obras de arte.
Logo na estrada, uma pintura em tela que ocupa toda a parede, datada de 1890. Sua moldura é feita em madeira e banhada a ouro. Este espaço é o Salão Nobre do Senado.
Vemos também o plenário do Palácio Monroe, sede do senado no Rio de Janeiro, de 1925 até a transferência para Brasília, em 1960.
Voltamos ao Salão Negro para aguardar o início da visita e logo fomos chamados. Primeiramente, fomos para uma sala à direita, após o Salão Nobre, onde assistimos a um vídeo institucional. O nosso grupo era bem grande, devia ter umas 50 pessoas.
Retornamos ao Salão Negro e começamos a subir para a Câmara dos Deputados. A guia explicou que a cor da Câmara é o verde e a do Senado, o azul, e isso a a gente percebe pela cor dos carpetes em cada Casa.
A primeira parada é em uma maquete tátil do Congresso, um super bônus para mim. Maquete tátil é aquela em que diferentes materiais são usados para representar coisas diferentes, de maneira que uma pessoa que não enxergue consiga perceber isso pelo toque. Por exemplo, pode-se usar emborrachado e placas de metal. As crianças adoraram!
E imaginem minha surpresa ao ver que essa maquete foi feita aqui em Minas e uma das instituições que a elaborou foi o Instituto São Rafael!
Já fomos para o plenário da Câmara dos Deputados, chamado Plenário Ulysses Guimarães, onde nos sentamos nas cadeiras dos parlamentares para ouvirmos as explicações da guia. O curioso é que não tem cadeira para todos mundo: são apenas 396 para 513 deputados. Os líderes dos partidos têm prioridade.
É possível ver as galerias onde os visitantes podem assistir às sessões.
Outra curiosidade é que há na parede sobre a mesa um crucifixo, apesar de o Brasil ser um Estado laico.
Saindo do plenário, fomos para o Salão Verde, que é onde a imprensa entrevista os políticos. Neste espaço há um jardim interno e várias obras de arte, como dois painéis de Athos Bulcão e um de Di Cavalcanti e uma escultura de Alfredo Ceschiatti.
Há também uma exposição de presentes recebidos de Chefes de Estado e representações diplomáticas de todo o mundo.
Visitamos também o gabinete do presidente da Câmara, o que só é possível nos finais de semana.
Passamos depois para o Senado Federal. A primeira parada foi na Praça das Bandeiras, que pertence ao Salão Azul, onde estão a bandeira do Brasil, do Distrito Federal e dos 26 Estados.
Fomos, então, para o Túnel do Tempo, em cujas paredes há painéis contando a história do Senado desde sua criação, em 1824.
A próxima parada foi no plenário. Aqui, não podemos nos sentar nas cadeiras dos senadores, mas mesmo assim dá para ver bem o espaço. O teto é forrado com 135 mil placas metálicas, obra de Athos Bulcão, que melhoram a acústica e iluminação do plenário. Outra curiosidade são os desenhos feitos no carpete. Um dia um funcionário da casa os fez e todo mundo gostou. Desde então, ele os mantêm e retoca. Também há um crucifixo na parede, como na Câmara, e há ainda, o busto de Ruy Barbosa, senador de 1890 a 1921.
Os senadores têm lugar marcado, em ordem alfabética, de acordo com a Unidade da Federação que representam. Como na Câmara, também há galerias para visitante que queiram acompanham as sessões.
O passeio termina no Salão Branco, ou Chapelaria, que era onde as pessoas guardavam seus chapéus e casacos. Hoje em dia, ninguém mais vai trabalhar de chapéu, mas o nome se manteve.
A visita superou minhas expectativas. Foi um momento de muito aprendizado, passado de maneira simples e muito didática, sem ser cansativo.
Destaque para a atenção e gentileza de todos os servidores de ambas as casas, em especial para a guia.
Se você tiver oportunidade, visite também o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio da Alvorada e o Itamaraty.
Qual o melhor dia?
Durante a semana, é possível perceber a dinâmica de funcionamento das Casas, com funcionários e políticos circulando. Porém, a visita é mais rápida, pois não é possível ir a todos os espaços.
Nos finais de semana, a visita é mais completa, contemplando, por exemplo, o gabinete do presidente da Câmara.
Regras de visitação
Durante a semana, é proibida a entrada de pessoas usando shorts, bermudas, saias curtas, chinelos e camisas sem mangas.
Não é permitido consumir quaisquer alimentos e bebidas durante a visita. Há lanchonetes na Câmara e Senado, mas funcionam apenas em dias úteis.
Precisa agendar?
Não é preciso agendar, exceto nos casos abaixo:
- Às terças e quartas, é necessário agendar, independente do número de pessoas.
- Necessário agendar também, para qualquer dia, se for grupos de mais de 15 pessoas.
- Para visitas em outros idiomas, como inglês, espanhol ou francês.
- Pessoas com necessidades especiais, como dificuldade de locomoção.
- Pessoas que necessitem de intérpretes de Libras.
Serviço
Há visitas guiadas diariamente, inclusive em feriados, de 9h às 17h30, com saídas a cada meia hora.
Site oficial: http://www2.congressonacional.leg.br/visite
Telefones: (61) 3216-1771 (durante a semana) ou (61) 3216-1768 (finais de semana e feriados)