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Mergulhando na História no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto


Atualizado em março de 2017

Na Praça Tiradentes está o imponente prédio onde funcionavam a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje, o belíssimo prédio histórico abriga o Museu da Inconfidência.

Sua criação remonta ao ano 1936, quando o presidente Getúlio Vargas decidiu resgatar os restos mortais dos inconfidentes, que estavam sepultados na África, onde sofreram degredo. O objetivo do presidente era criar um Panteão em memória dos que lutaram por liberdade.

Na época, o prédio do museu era uma penitenciária estadual, que foi desativada em 1938, quando foi construída a Penitenciária de Ribeirão das Neves, próxima a BH. Enquanto o prédio passava por uma reforma, os restos mortais foram depositados na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, onde ficaram por quatro anos, até a inauguração do Panteão da Inconfidência, já no prédio do museu, em 21 de abril de 1942, 150 anos depois da sentença condenatória dos inconfidentes. O Museu da Inconfidência foi inaugurado dois anos depois, em 1944.

Com a queda de Getúlio, o museu também caiu. Funcionários foram demitidos, o prédio parou de receber manutenção. Somente em 2006 foi concluída a renovação de todo o museu. Hoje, além de contar a história da Inconfidência, conta a história de Minas Gerais e do Brasil. Além do prédio principal, que fica em frente ao Monumento a Tiradentes, há outros quatro anexos, onde funcionam auditório, biblioteca, administração, arquivo histórico, setor de conservação e restauro, uma sala para exposições temporárias e outros setores administrativos e museológicos.

Na Praça Tiradentes está o imponente prédio onde funcionavam a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje, o belíssimo prédio histórico abriga o Museu da Inconfidência.

O prédio

O magnifico edifício, atual sede do museu, demorou 70 anos para ser construído – de 1785 a 1855. O projeto foi do então governador da capitania e a construção foi feita por escravos, que eram submetidos, nas palavras de Thomaz Antônio Gonzaga, a tratamentos “cruéis, abusivos e desumanos”. 🙁

Ali funcionou, durante 25 anos, a Casa de Câmara, no piso superior, e a Cadeia, no térreo. Depois, a Casa de Câmara mudou de lugar e todo o prédio era usado apenas como prisão. João Pinheiro, que governou Minas de 1906 a 1908, transformou a prisão em Penitenciária Estadual e assim ficou o prédio destinado até 1938, quando foi desativada e transferida, como já falei no início do post.

Na Praça Tiradentes está o imponente prédio onde funcionavam a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje, o belíssimo prédio histórico abriga o Museu da Inconfidência.

Foto: Aldo Araújo (divulgação)

Quando visitar o museu, não deixe de notar a espessura das paredes, as portas e as janelas, especialmente no primeiro pavimento, onde era a cadeia (a Câmara funcionava no piso superior).

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Acervo

São mais de quatro mil peças, divididas em dois pavimentos. A visita é autoguiada e NÃO são permitidas fotografias (todas as fotografias do interior do museu utilizadas neste post são do próprio museu). Bolsas e mochilas devem ser guardadas em um guarda-volumes. Um audioguia com duração de 90 minutos pode ser alugado por R$ 8,00 (preço de março de 2017).

No piso inferior, o enfoque é Vila Rica. Podemos ver um pouco da dinâmica da vila do período colonial, nos aspectos econômico, social e político. A primeira sala, “Origens”, mostra a formação da Colônia, sua ocupação territorial e a influência da Igreja Católica sobre os monarcas da época. Pedras que marcavam as sesmarias podem ser vistas nesta sala.

Na Praça Tiradentes está o imponente prédio onde funcionavam a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje, o belíssimo prédio histórico abriga o Museu da Inconfidência.

Sala Origens: Foto: Divulgação

Na “Sala da Construção” vemos vários elementos usados na construção de Vila Rica, como pregos, portais, balaustres, tijolos, telhas, canos de pedra-sabão utilizados para coleta de água. Vemos também esboços da evolução do estilo arquitetônico usado nos casarões.

Na Praça Tiradentes está o imponente prédio onde funcionavam a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje, o belíssimo prédio histórico abriga o Museu da Inconfidência.

Sala Construção. Foto: Divulgação

Na “Sala dos Transportes” vemos selas masculinas e femininas, estribos, sapatos de ferro e uma liteira, que é algo como uma cadeira fechada, puxada por animais. Nesta sala estão também várias armas, como revólveres, pistolas, espingardas e facas, muito utilizadas por quem viajava, devido ao extremo perigo de assaltos.

Na “Sala da Mineração” é exibida a dinâmica do processo do extrativismo do ouro, por meio de uma maquete. Várias balanças e algumas arcas para transporte do ouro também estão ali. É nesse espaço também que estão exibidos terríveis objetos utilizados para castigar os escravos, como correntes, algemas e outras coisas de embrulhar o estômago e fazer sentir uma profunda vergonha por termos tido esse tipo de coisa em nossa História.

Até aqui, em todas as salas tudo era exposto em meio a sombras. Isso começa a mudar no próximo espaço, a “Sala da Inconfidência”. Com cortinas brancas e iluminação, a sala clara remete ao Iluminismo e à sua influência sobre a Inconfidência.

Temos aqui a primeira edição de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. Vemos móveis que muito possivelmente foram utilizados pelos inconfidentes em suas reuniões e vários objetos pessoais deles. Os restos de Maria Doroteia Joaquina de Seixas, musa de Tomás Antônio Gonzaga, a Marília de Dirceu, estão nessa sala, bem como o cenotáfio de Barbara Heliodora. Cenotáfio: isso eu aprendi no museu –  trata-se de uma sepultura simbólica, usada quando não se sabe o paradeiro dos restos mortais da pessoa. Quando na sepultura há uma cruz, quer dizer que ali está mesmo sepultada a pessoa. Quando não há, é porque é apenas uma representação.

É aqui que podemos ler a parte dos Autos da Devassa em que está a sentença condenatória de Joaquim José da Silva Xavier – tudo bem explicado, desde seu enforcamento, passando pelo esquartejamento e destinação de cada parte do corpo (especificando a cabeça, que foi exposta em frente àquele prédio), até o que deveria ser feito com a casa onde Tiradentes morava. Ali também estão pedaços da forca utilizada na sua execução, trazida para o museu por determinação de Getúlio Vargas, juntamente com os Autos da Devassa, e alguns de seus objetos pessoais que foram sequestrados pelo governo, como um boticão e um relógio.

Partes da forca usada para matar Tiradentes. Foto: musues.gov.br

Partes da forca usada para matar Tiradentes. Foto: musues.gov.br

Um corredor todo branco nos leva ao Panteão da Inconfidência, onde estão os restos mortais de 13 dos 24 inconfidentes sentenciados (os que não estão ali, ou são porque não tiveram seus túmulos localizados ou porque não se tem certeza de sua identificação), como Inácio José de Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga e José Álvares Maciel. Há, ainda, uma lápide vazia, representando os que ali não estão.

Panteão da Inconfidência. Foto: Divulgação

Panteão da Inconfidência. Foto: Divulgação

Em outra sala, já vemos um pouco do Brasil Império, com telas e utensílios domésticos, como talheres e louças. Aqui ainda está preservado o local utilizado como banheiro pelos presos.

No segundo piso, prevalece o impacto da religião sobre a sociedade colonial. Logo na primeira sala, vemos dois quadros que retratam o que acontece quando morre um “justo” e um “ímpio”. No primeiro caso, anjos estão ao redor do moribundo. No segundo, demônios.

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Crucifixos, oratórios, candelabros, estandartes, imagens de santos, ostensórios,  telas diversas e ex-votos também compõem o acervo.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Um grande espaço é dedicado a Aleijadinho. Podemos ver projetos de obras desenhadas por ele e algumas de suas imagens. Uma que muito chamou a minha atenção foi a do Cristo em madeira entalhada, pela riqueza de detalhes: músculos definidos e contraídos, demonstrando dor, e mechas de cabelo desalinhadas. Todas as obras são originais, com exceção do profeta Daniel, cujo original está em Congonhas do Campo.

O funcionário do museu chamou minha atenção para o leão, que tinha cara de macaco. Ele explicou que Aleijadinho nunca tinha visto um leão, então o fazia como ele imaginava que fosse: um gato grande, com cabelos e rosto de macaco (quando visitei a Igreja São Francisco de Assis, que está abrigando obras de Aleijadinho enquanto o seu museu está em reforma, pude ver vários leões, todos da mesma forma). Outros artistas também estão representados, como Mestre Ataíde, que tem uma sala só para suas obras.

Sala Aleijadinho. Foto: Divulgação

Sala Aleijadinho. Foto: Divulgação

Em outras salas, vemos mobiliário, vestuário e utensílios e e adornos domésticos. Cômodas e armários enormes, de uns três metros de comprimento, em madeira maciça e sem emendas, camas, cadeiras, baús, arcas, vestidos, louça, espartilhos, instrumentos musicais e partituras.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Uma visita maravilhosa, enriquece demais o passeio para quem quer conhecer mais a História lá em Ouro Preto. Eu fui sozinha, li TODAS as plaquinhas e cartazes explicativos, observei todo o acervo com calma e demorei cerca de duas horas, que considero terem sido bem investidas.

Caso queira fazer uma pausa na visita, tem uma lojinha e café lá dentro do museu.


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Museu da Inconfidência

Praça Tiradentes, 139 – Centro – Ouro Preto – MG
Telefones: (31) 3551-1121 / 3551-5233
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h
Valor: R$10,00. Estudantes pagam meia entrada – valores de março de 2017
www.museudainconfidencia.gov.br
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