Mineiros na Estrada

A linda Fortaleza de São José da Ponta Grossa, em Florianópolis


Desterro, a Florianópolis do século XVIII, estava em uma estratégica posição geográfica, pois ficava no meio do caminho e servia de apoio para embarcações que saiam do Rio de Janeiro e iam ao porto do Rio Grande e à Colônia do Sacramento.

Logo, a região poderia também despertar o interesse de invasores. Um sistema de defesa então foi construído na Ilha de Santa Catarina e no seu entorno.

Na baía norte, principal acesso a Desterro, três fortalezas foram pensadas para formar um triângulo que possibilitasse cruzamento de fogos. A primeira e maior delas, a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, foi construída de 1739 a 1744, na Ilha de Anhatomirim. A segunda, a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, foi edificada na Ilha de Ratones Grande, bem no centro da baía, e sua construção se iniciou também em 1739. A terceira é a de São José da Ponta Grossa, que fica na divisa das praias do Forte e de Jurerê Internacional, cuja construção se iniciou em 1740. O triângulo formado pelas três fortalezas permitiria fogo cruzado, ou ao menos fogo contínuo, por todo o canal da baía norte.

As três são abertas à visitação, mas as duas primeiras só são acessíveis de barco. Nós visitamos a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, que é acessível de carro, ou mesmo a pé.

O interessante é que, embora para mim, leiguinha da silva, o forte seja uma grandiosa edificação, ele tinha várias falhas.

Primeiro, a fortificação está sobre um penhasco e o alcance de seus canhões chegava até uma distância razoável, mas, a leste, não alcançava a vizinha Jurerê. Por isso, em 1765, a 150 metros do forte, foi construída a Bateria de São Caetano, com seis canhões de pequeno porte que podiam atingir a praia.

Outra falha é que atrás da fortaleza há uma elevação e, se os invasores viessem por terra e ocupassem essa elevação, conseguiriam atacar confortavelmente a fortaleza.

Mas a falha que eu achei mais curiosa tem relação com a fonte de água, chamada carioca, que fica do lado de fora do forte. Então, se a fortaleza fosse cercada, todo mundo ficaria com sede e logo a tropa se renderia.

A fortaleza foi tombada pelo IPHAN em 1938, e a partir de 1992 começou a receber manutenção e restaurações. Hoje a Universidade Federal de Santa Catarina administra e cuida desta e das outras fortalezas da ilha.

A fortificação tem uma grande muralha em formato heptagonal, feita de pedras. À esquerda da entrada, está o claustrosfóbico calabouço. À direita está a Casa de Guarda.

Muralha vista de fora

Sob a tenda está a bilheteria da fortaleza.

Calabouço

É formada por três pavimentos, chamados terraplenos, que se comunicam por rampas. O primeiro era cercado pela muralha, com uma guarita em cada extremidade. Há uma bateria de canhões apontando para o mar. Registros mostram que em 1786 a fortaleza possuía 31 canhões. Creio ter contado oito no total.

Primeiro terrapleno, visto do segundo

No segundo terrapleno, há o Quartel da Tropa, a Casa da Farinha e a Cozinha da Tropa, além de outra bateria de canhões.

No terceiro terrapleno está a Casa do Comandante e o Paiol de Pólvora, lado a lado, em uma construção com dois pavimentos. Há também uma capela, única construção do forte que foi reconstruída, onde são realizadas missas quinzenalmente. Na casa do comandante estão expostos artefatos arqueológicos. No paiol, banners e maquetes contam a história das fortalezas.

Interior da casa

Interior da capela

Interior da capela

As construções deste último terrapleno eram as mais expostas, mas as mais seguras, já que estavam em um nível super alto e nenhum canhão da época conseguiria atirar para o alto.

Terceiro terrapleno, visto do primeiro

Dê a volta por trás do paiol e você chegará a uma área que é um mirante, com vista para todo o forte e para o mar, avistando também as praias a leste da praia do Forte e o continente. A foto de abertura do post foi tirada lá.

Vale aproveitar o dia em que for conhecer a praia do Forte ou Jurerê, ou mesmo Daniela ou Canasvieiras, para visitar o forte. Além do valor histórico, propicia vistas maravilhosas.

Acesso à fortaleza

Na ponta esquerda da praia de Jurerê Internacional começa a subida para a praia do Forte. Para chegar à Fortaleza de São José da Ponta Grossa, você pode subir de carro poucos metros e estacionar em uma pequena área à direita. Essa área é o estacionamento do Forte, indicado por uma placa como área federal, gratuita para visitantes. No entanto, havia um flanelinha cobrando estacionamento! Na placa tem, inclusive, um aviso: ”Em caso de cobrança indevida, ligue para xxx”, o que nada intimidava o rapaz.

A segunda opção é seguir até a praia do Forte, estacionar lá (também tem flanelinhas) e seguir a pé por uma trilha à direita. São poucos metros.

Leia também: As praias de Floripa: como escolher a sua

Fortaleza de São Jose da Ponta Grossa
Praia do Forte, norte da ilha
Telefone: (48) 3721-8302
Horário de funcionamento: De janeiro a março, de 9h ás 12h e de 13h às 18h.
De abril a dezembro, de 9h às 12h e de 13h às 17h.
Ingresso: R$ 8,00 a inteira. Estudantes pagam meia, mediante comprovação
www.fortalezas.ufsc.br



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