Mineiros na Estrada

Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi


O Museu Paraense Emílio Goeldi (lê-se Guêldi, sem pronunciar o /u/) é um dos parques zoobotânicos mais antigos do país. Foi inaugurado em 25 de março de 1871 e teve como primeiro diretor Domingos Soares Ferreira Penna, mineiro de Mariana. Em 1894, o zoólogo suiço Emílio Goeldi assumiu a direção e lá ficou até 1907.

O museu possui três bases: o parque zoobotânico, um campus de pesquisa e uma estação científica. Nós visitamos o parque zoobotânico, que fica no centro de Belém e tem 5,4 hectares de área.

Gostei muito de algumas coisas e nada de outras. Vamos começar pelas primeiras.

A parte botânica é bem legal. São cerca de 2000 plantas, sendo várias espécies amazônicas. Há sumaúmas, aquelas árvores gigantes (já falei delas aqui), uma espécie de planta que anda, pois ela muda mesmo de lugar procurando pelo sol, mogno e muitas outras.

É muito gostoso caminhar por entre as árvores, trazendo um pouco de alívio ao calor intenso que faz lá no norte do país. Quando fomos, porém, parece que estava acontecendo alguma reforma, pois havia lugares em que não podíamos ir e outras com montes de coisas amontoadas, como se uma faxina estivesse acontecendo.

O lugar mais bonito do parque, para mim, foi o lago das vitórias-régias, com várias daquelas lindezas gigantes e muitas flores. Isso valeu o passeio inteiro.

Existe também uma casa construída em 1879 que foi residência do Emílio Goeldi – o Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna (1879), conhecido como Rocinha. Em 2005, a casa passou por uma reforma para receber exposições. Quando fomos, havia três. A primeira delas foi para mim uma grata surpresa: era sobre os índios Ka’apor, sobre os quais já havia estudado pelo fato de eles terem uma Língua de Sinais própria, a Língua de Sinais Ka’apor Brasileira, que é diferente da Libras. Isso porque a relação entre a quantidade de surdos e ouvintes lá é maior que na população em geral. Assim, tanto os surdos usam essa Língua de Sinais para se comunicar entre si, como os não surdos a usam para se comunicar com quem não ouve. Inclusão total!

A Rocinha

Nessa exposição havia um vídeo com um índio contando uma história em língua de sinais, além de vários outros aspectos da cultura dessa tribo, como rituais de passagem da infância para fase adulta do menino e da menina, fatos sobre nascimento e morte e objetos confeccionados pelos índios.

A outra exposição era de fotos do Marajó, já trazendo uma prévia do que veríamos dali alguns dias.

Fotos do Marajó

A terceira era sobre sítios arqueológicos e arte rupestre no Pará, também muito interessante.

Uma outra área do parque é o Castelinho, construído em 1901 para camuflar uma caixa d’água. A ideia do Castelinho foi do próprio Goeldi, que queria um pequeno mirante para observar o parque.

Quanto à parte zoológica, há alguns animais soltos, os quais podemos ver enquanto andamos pelo parque, como cotias, iguanas, garças e arara.

Porém, há também animais enclausurados em jaulas minúsculas.

Três jacarés dividiam um recinto bem pequeno e cimentado. O mesmo ocorria com um jacaré-açu, que, segundo o veterinário do vídeo que coloquei lá no fim do post, tem 4 metros e meio de comprimento, e cujo recinto era do mesmo tamanho daquele dos três jacarés. E boa parte dele também era cimentado.

Jacaré-açu

Vários macacos dividiam uma outra gaiola, que ficava extremamente perto dos visitantes. Bastava curvar o corpo sobre uma pequena grade e esticar as mãos para que um adulto alcançasse a jaula. Como não havia um funcionário sequer por ali, vi os macacos sendo alimentados com pipoca, cream cracker e até biscoito recheado!

As lindas das ariranhas nadavam em círculo o tempo todo.

Tartarugas da Amazônia, uma delas centenária, dividiam um pequeno lago. Uma multidão de cágados, talvez centenas deles, se amontoavam em um dos recintos (cágados costumam ficar amontoados mesmo, mas, mesmo assim, o espaço é pequeno). E as aves também ficavam em gaiolas diminutas – até o bitelo do gavião real.

Tartaruga da Amazônia

Jabutis

Cágados

A pobre da onça ficava em uma jaula extremamente pequena e ficava o tempo inteiro andando de um lado para outro, indo e voltando sem parar. Foi de partir o coração.

Não estou, absolutamente,  jogando o passeio fora. Vale a pena ver vitórias-régias e sumaúmas de perto, especialmente se você nunca as viu. Agora, se você também fica de coração partido com essa situação dos animais, pense se vale a pena o deslocamento.

Para saber mais, veja este vídeo.

Museu Paraense Emílio Goeldi
Av. Magalhães Barata, 376 –  São Braz – Belém – PA
Site oficial: www.museu-goeldi.br
Horário de funcionamento: Parque Zoobotânico: de quarta a domingo das 9h às 17h
Pavilhão Expositivo Domingos Soares Ferreira Penna: de quarta a domingo, das 9h às 15h
Ingresso: R$2,00 a inteira e R$1,00 a meia. Menores de 10 e maiores de 60 anos não pagam



Booking.com